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A câmera mágica

Posted by Larissa Araújo on 23:53

O sótão da casa sempre foi o paraíso para Felipe, o lugar em que ele mais se diverte, nem mesmo jogar Playstation 3 com seus amigos é melhor que explorar o sótão. Ele sempre encontra coisas legais por lá, coisas velhas que seus pais guardam apesar de todos os dias falarem que vão jogar tudo fora. Ele, claro, agradece o esquecimento deles e se delicia com cada peça do jogo de xadrez ou com a bicicleta de três rodas do seu pai, sempre encontra algo interessante para mexer. Mexer, essa é a palavra-chave do interesse de Felipe pelo sótão, ele pode mexer em tudo e ninguém reclama se quebrar algo, não vale mais nada mesmo.
Felipe sempre foi um menino muito curioso e esperto, já quebrou vários de seus brinquedos eletrônicos por curiosidade de ver como funcionam e o sótão representa a liberdade, lá ele pode fazer o que quiser e foi justamente nesse lugar mágico que ele encontrou o aparelho mais interessante que poderia existir, algo que mudaria sua vida daqui para frente: uma câmera fotográfica.
Logo que viu aquele aparelho não deu muita importância, por que uma câmera velha ia ser melhor do que a sua digital? Aquela velha câmera era pesada, feia e não tinha visor LCD ou cartão de memória, ao invés disso tinha um rolo com uma fita estranha e nenhuma pilha. Droga e agora? Como mexer nessa porcaria se não tem pilha?
Passou mais um tempo brincando e mexendo em outras coisas, mas volta e meia olhava para a câmera como se ela o convidasse a explorá-la. Resolveu então procurar pilhas esquecidas nas gavetas do armário de seus pais e então voltou com duas, colocou-as na câmera e tentou ligá-la, nenhuma imagem, nada que indicasse que estava pronta para ser usada. Felipe posicionou seu olho direito no pequeno visor e viu que parecia uma mira, como nas armas dos games de computador que ele costumava jogar, apertou o botão e esperou, de repente algo saiu de dentro da câmera, ele se espantou e largou o aparelho em cima da mesa. Passado o susto inicial, ele pegou o que parecia ser um papel branco, não entendeu o porquê daquilo, de que servia uma câmera que imprimia um papel branco?
Devia estar quebrada, pensou ao jogar o papel no chão e voltar sua atenção para um rádio que pertenceu a seu avô e uns discos de vinil que ele chamava de CDs gigantes. Meia hora depois, quando cansou de mexer no rádio, voltou-se novamente para a câmera, faria uma nova tentativa na esperança de ser bem sucedido dessa vez, foi quando viu que o papel branco que a havia sido impresso pela câmera agora tinha uma imagem. Pegou o papel e viu que estava claramente estampada a imagem do sótão e toda sua bagunça, era claramente uma fotografia. A câmera imprimiu a fotografia!
Ele não podia acreditar que tinha aquilo em suas mãos, que coisa magnífica, como num passe de mágica a fotografia aparece no papel branco que a câmera imprime. Felipe estava maravilhado com aquilo, passou horas tirando fotos e analisando-as depois. Quando seus pais subiram para lhe levar um lanche, ele falou do achado. “Uma máquina mágica, mãe. “Eu pensei que fosse comum, daquelas que não fazem nada, mas não, ela imprime a foto na hora! Nem precisa de computador, nem precisa levar as fotos no pen drive ou o cartão de memória, no moço pra revelar. Isso é maravilhoso, é melhor que a minha! Agora eu entendi porque ela não tem visor LCD pra ver as fotos tiradas, ela imprime as fotos, ela imprime as fotos!”
Felipe estava eufórico, não parava de falar, seus pais o acalmaram e explicaram que aquela era uma câmera fotográfica instantânea Polaroid, que era do seu pai e era muito usada em cenas de crime, mas que também serviam para divertir, como era o caso daquela. Após a explicação dos pais o menino estava ainda mais empolgado, tirava fotos sem parar de tudo que via pela frente, comprava rolos e rolos de filme e fotografava tudo. Foi a partir desse dia que ele decidiu o que queria ser quando crescesse: um fotógrafo. Queria sair por ai fotografando o mundo, o simples clique que pára o tempo por uns instantes e eterniza grandes e pequenos momentos.

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